dimanche 22 février 2009

Manhã de Carnaval, sem Carnaval, com Pasolini

Os filmes que marcam nao ficam inteiros. Ficam trechos, cenas, uma frase, uma cançao, o tema, um tema.
Medéia, de Pasolini. Provavelmente seu tema principal é, como na tragédia, a paixão sem limite, "o que não tem juizo nem nunca tera".
Mas pra mim o que ficou do filme foi outro tema, não menos passional: a mudança de valores, a necessidade de mudança, a desconstruçao de valores, unica forma de luta contra o poder.
Jasão e Medéia estao fugindo com o velocino de ouro. Atras deles vem o rei, proprietario da pele magica. Nem toda a astucia de Medéia consegue deter o rei que vai certamente apanha-los.
Entao Jasão atira-lhe o precioso velocino e lhe diz: "Esta pele fora de seu lugar de origem perde todo o seu significado".
Do filme, em preto e branco so me ficou essa cena, essa frase. E ficou muito.
Contextualizar, descontextulizar. Territorializar e desterritorializar, diriamos hoje.

vendredi 13 février 2009

Deixe o sol brilhar!

E o futuro chegou!
Os amigos que entendem do assunto avisaram durante toda a semana: é hoje. Começou a Era de Aquarius.
Iluminemo-nos!

http://www.youtube.com/watch?v=EhbxI5eVnM4

When the moon is in the Seventh House
And Jupiter aligns with Mars
Then peace will guide the planets
And love will steer the stars
This is the dawning of the Age of Aquarius
The Age of Aquarius
Aquarius!
Aquarius!
Harmony and understanding
Sympathy and trust abounding
No more falsehoods or derisions
Golden living dreams of visions
Mystic crystal revelation
And the mind's true liberation
Aquarius!
Aquarius!

Let the sun shine,
Let the sun shine!

jeudi 12 février 2009

Professores em Greve

Lyon, terça-feira, duas horas da tarde.
"Pecresse, t'es foutue, les professeurs sont dans la rue! " "Du fric pour la fac! ", "Du blé pour la recherche!".
O carro de som, com o som como sempre meio distorcido, urrava as palavras de ordem: "Pecresse ( A ministra da Educaçao Superior e da Pesquisa), cê ta fudida, os professores estao na rua!", " Grana para a fac!", "Erva para a pesquisa!". Atras dele, logo no principio da passeata, eu tentava me esconder entre os outros professores. Senhoras de cabelo grisalho e oculos ao lado de estudantes com laços de papel colorido na cabeça gritavam, berravam essas grosserias . Na rua os passantes paravam para nos ver passar, janelas se abriam, turistas nos fotografavam. A passeata dos professores atravessava a cidade aos berros e iria até a porta da Reitoria. La pelas tantas achei uma esquina e nela entrei. Que vergonha!
Por que sera que as passeatas se parecem todas? Sera que os professores nao se dao conta de que sua especificidade tem de ser mostrada em todas as circunstâncias, sem exceçao? Por que fazer politica tem de ser confundido com "coisa de jovem" e uma manifestaçao tem de ser grosseira?
O movimento dos professores é, ao mesmo tempo, um sucesso e um fracasso. Um sucesso em termos externos pois a mobilizaçao é enorme. Um fracasso em termos internos pois nao ha - ao menos até onde posso avaliar - o menor crescimento na consciência critica dos professores. Ha duas semanas o movimento so evolui em quantidade de adesoes. A qualidade é a mesma: é um movimento "contra". E dai nao passa.
O motivo é um decreto que muda o estatuto dos professores universitarios. Na verdade, este decreto é a consequência logica de outro que - este sim, perigosissimo - passou no ano passado sem que os professores suspeitassem de sua gravidade. Os alunos fizeram greve, protestaram, etc e tal mas os professores ficaram frios. E se tratava, nada mais, nada menos que do decreto da autonomia universitaria, muito nosso conhecido, hidra contra a qual lutamos desde os anos 70. ( Alias, um colega da USP me disse que a USP e todas as outras universidades do Estado de Sao Paulo sao autônomas e que para elas a autonomia é um sucesso. Vejam so.)
O decreto de agora, contra o qual se batem os professores, mexe diretamente com seu regime de trabalho. A partir de agora, se o decreto nao for retirado, os Presidentes das Universidades ( Reitores) sao os responsaveis pela gestao do pessoal cabendo-lhes as promoçoes do corpo docente. Além disso, os professores serao avaliados quanto a sua produçao acadêmica: quem nao tiver um determinado numero de publicaçoes tera sua carga docente aumentada. Nada diferente do que acontece no Brasil mas por aqui ninguém sabe o que é um relatorio docente de final de ano, que na UFRJ chamavamos de Planind e muito menos o que é um relatorio fnal de departamento, nosso velho Plandep. Aqui, quando se falou em exigência de produçao o céu desabou. Ai todos aqueles chavoes com cheiro de naftalina foram exumados: que quantidade nao quer dizer nada, que todo mundo vai começar "a publicar por publicar", que havera uma quantidade enorme de "artigos vazios" etc e tal. Ha gente que escreve a sério que dar mais aulas a um professor-pesquisador ( é este o titulo do professor universitario aqui) que nao pesquisa é contraproducente porque se ele nao pesquisa tendo menos aulas, pesquisara menos ainda se tiver mais aulas... e que se ele nao faz pesquisa, coitado, é porque deve estar cansado de uma vida de estudos... E que Foucault so escreveu " As palavras e as coisas" aos 50 anos. Como se fosse a primeira coisa que ele tivesse escrito... Dizer o quê?
E do X maiusculo da questao ninguém fala: como é que sera implantada a autonomia? Que fazer com os professores nao efetivos, que sao a maioria na universidade? Como modificar o recrutamento dos efetivos, que se faz por indicaçao entre Titulares (Professeurs) e Chefes de Departamento e nao por concurso? Esses sao assuntos tabou.
A impressao que tenho é que pouca gente leu o decreto. E de que a maior parte dos professores esta começando agora a pensar em politica. Fazer o quê?

lundi 9 février 2009

Paris de Andar e Ver

Em memória do poeta Luiz da Veiga Leitão


Uma das maneiras de se visitar Paris é traçar itinerários de praça em praça. A praça de Saint-Michel dominada pela imagem do combate entre o anjo guerreiro e o demônio é um cartão postal da cidade e um de seus símbolos. É um ponto de encontro: além dos usuários de uma das mais importantes estações de metrô - Saint-Michel - ali se cruzam os frequentadores das livrarias existentes dos dois lados da praça, os alunos do segundo grau que lá vendem em setembro, seus livros escolares do ano anterior, manifestantes " de tout poil", músicos e dançarinos de rua, que ali fazem apresentações, turistas, desocupados, mendigos e drogados, que se misturam sob os respingos da água nem sempre limpa do chafariz.

A praça do Odéon , cercada de cinemas, tem ao centro a estátua de Danton, no lugar exato onde ficava sua casa. É um ponto tão animado quanto Saint-Michel , mas sutilmente mais refinado, com seus bares, uma ótima cervejaria, restaurantes e boutiques de roupas e sapatos. Para quem vem do cais do Sena, atras esta o Jardim do Luxembourg e, antes, o teatro do Odéon.

Entre uma e outra praças está a rua de Saint-André-des-Arts, passagem obrigatória em qualquer visita a Paris. Logo no seu início, à direita do chafariz de Saint-Michel temos a pracinha de Saint-André-des-Arts, onde, no verão também há música. Neste último ano ouvi um grupo de cinquentões que tocavam – bonito - os Beatles. Seguem-se lojas de bijouterias e de jogos, creperias sempre cheias, boas e relativamente baratas, uma confeitaria árabe e um pub irlandês. Adiante tem-se um jardim de infância público. Se for hora de entrada ou saída de crianças vale a pena dar uma espiada no pequeníssimo pátio, que tem no centro uma árvore circundada por um banco, como nas ilustrações dos livros infantis de antigamente. Continuando esta o Lycée Fénelon (colégio de segundo grau), publico, muito bem conceituado. Algumas lojas de roupas mais e chega-se à Cours du Commerce de Saint-André, uma passagem parisiense , quer dizer, uma rua coberta , que nos levará à Praça do Odéon.

Construída em 1776, ela é na verdade uma entrada no túnel ou melhor, num caleidoscópio do tempo, onde se misturam diferentes épocas. Ali se situava a gráfica que imprimia o jornal revolucionário “O amigo do povo”, ali se construiu também a primeira guilhotina. Na entrada pela rua de Saint-André des Arts temos dois bares-restaurantes bonitos, animados e decididamente contemporâneos. Seguem-se uma loja de bonsais, aquelas assustadoras miniaturas vegetais que me lembram sempre os pés deformados das chinesas. Em frente havia, até pouco tempo atrás uma casa de chá que parecia saída de um livro infantil: pequena, com poucos lugares, mobília “estilo francês” branca patinada, lustres de flores de cristal, louça parecendo saída da cristaleira da vovó e inúmeras tortas expostas à gula dos passantes: de cereja, de morango, de amora, de cassis (uma torta azul-escuro... ). Agora há um restaurante bonitinho, sem mais. Em frente, uma loja de brinquedos onde ursinhos e outros bichos de pelúcia se harmonizam com fantoches e marionetes. A ruela é estreitíssima, o calçamento é tipo “pé de moleque”, as construções parecem achatadas.

A direita temos uma entrada para o restaurante Le Procope, cuja entrada principal é pela rua de l'Ancienne Commédie, ao lado. Trata-se do mais antigo café de Paris e que, justamente, introduziu o café na cidade, em 1686 , tornando-se logo point intelectual e artístico. No século XVIII os filósofos o frequentaram e consta que foi em suas mesas que Diderot e Alembert tiveram a idéia de elaborar a propriamenta dita “Enciclopédia”. Danton, Marat, Camille Demoulins e mais tarde Musset, Verlaine, Balzac e Huysmans também o frequentaram. Vale a pena visitá-lo, sobretudo pela decoração que consegue ser ao mesmo tempo pesadíssima e maravilhosa, e pelo clima, ao mesmo tempo chique e à vontade. Não é exatamente barato e a comida nao é la essas coisas mas quem quiser jantar antes de sete da noite se beneficia de preços mais em conta.

E atenção à esquerda. Uma entrada, fechada à noite, leva o flâneur à um lugar de sonho: a Cour de Rohan, que deve seu nome ao fato de ter pertencido ao bispo de Ruão.Trata-se de uma sucessão de três pátios cercados de pequenos e maravilhosos prédios residenciais, que vão dar na rue du Jardinet. Embora particular, o condomínio chiquíssimo não pode ser fechado durante o dia porque - coisas de Paris - uma escola pública primária ali tem uma de suas saídas. O que é uma sorte para todos, que assim podem apreciar não apenas as construções que aproveitam todos os centímetros do espaço mas também o uso das flores e plantas em geral na composição desse cenário de simplicidade elegante. Não é à toa que pintores e desenhistas dão plantão ali.

De volta à Cours du Commerce, temos a Maison de la Catalogna, com seu centro cultural moderno e antenado e seu restaurante, relativamente barato, desta vez. Enfim, a passagem se bifurca. Se seguirmos em frente, sairemos na praça do Odéon passando por um bar australiano da moda. Sempre animado. No entanto aconselharia virar à direita, para sair pela rua da Ancienne Comédie. Bem no ângulo há um bar restaurante desses nos quais se tem de tomar ao menos um copo de vinho, ao menos para se sentir parte do ambiente composto de lustres, reflexo de copos e cortinas. Procure uma mesa que deixe ver a passagem . Se tiver sorte, na primavera ou no verão vai aparecer um músico na porta. Da última vez em que lá estive uns rapazes tocavam um chorinho brasileiro.

mercredi 4 février 2009

Dentro da noite veloz

Ana Cristina César: Quero te passar o quarto imovel com tudo dentro e nenhuma cidade fora com redes de parentela. Aqui tenho maquinas de me distrair, tv de cabeceira, fitas magnéticas, cartoes postais, cadernos de tamanhos variados, alicate de unhas, dois pirex e outras mais. Nada la fora e minha cabeça fala sozinha, assim, com movimento pendular de aparecer e desaparecer. Guarde bem este quarto parado com maquinas, cabeça e pendulo batendo. Guarde bem para mais tarde. Fica contando ponto.

Riobaldo: Como é que eu nao tive um pressentimento!

Capa de Ronaldo Graça

Capa de Ronaldo Graça

Capa de Ronaldo Graça

Capa de Ronaldo Graça

Capa de Ronaldo Graça

Capa de Ronaldo Graça

Capa de Ronaldo Graça

Capa de Ronaldo Graça

Capa de Ronaldo Graça

Capa de Ronaldo Graça

Interior de Saint Julien le Pauvre

Interior de Saint Julien le Pauvre

Marion e a igreja de Saint Julien le Pauvre

Marion e a igreja de Saint Julien le Pauvre

Barcelona

Barcelona

Barcelona

Barcelona

Museu da Catalunha

Museu da Catalunha

A arvore mais velha de Paris.Jardim de Saint Julien le Pauvre

A arvore mais velha de Paris.Jardim de Saint Julien le Pauvre

Jardim da igreja de Saint Julien le Pauvre

Jardim da igreja de Saint Julien le Pauvre

Igreja da Madeleine

Igreja da Madeleine

Das escadas da Madeleine. Ao fundo, a place Vendôme

Das escadas da Madeleine. Ao fundo, a place Vendôme

Barcelona- Gracia

Barcelona- Gracia

Rue de Bucci

Rue de Bucci

Barcelona

Barcelona

Charitas forever

Charitas forever
Foto de Elias Francioni

Passage Saint Andre des Arts

Passage Saint Andre des Arts

Cartão-postal

Cartão-postal
Foto de Vera Bungarten

Paris...

Paris...
Foto de Vera Bungarten

No centro do Louvre

No centro do Louvre
Foto de Vera Bungarten

Passages de Paris

Passages de Paris
Foto de Vera Bungarten

Livraria Shakeaspeare.Quartier Latin

Livraria Shakeaspeare.Quartier Latin
Foto de Ana Maria Lucena

Quartier Latin

Quartier Latin
50 anos de Ionesco

Tonico Pereira. Teatro da FAAP

Tonico Pereira. Teatro da FAAP

Le Petit Pont e l'Hôtel de Police

Le Petit Pont e l'Hôtel de Police

Feliz Ano Novo ( foto de Patrick Corneau)

Feliz Ano Novo ( foto de Patrick Corneau)
Dança, a esperança equilibrista porque o show de todo artista tem de continuar.

Ilha da Boa Viagem

Ilha da Boa Viagem
Foto de Elias Francioni

Rue de la Huchette. Quartier Latin

Rue de la Huchette. Quartier Latin

Xando Graça

Xando Graça

Pont Saint Michel

Pont Saint Michel

Les Invalides

Les Invalides
Foto de Vera Bungarten

A dama de ferro

A dama de ferro
foto de Ana Lucena

A côté du Beaubourg

A côté du Beaubourg
Foto de Vera Bungarten

Chez Procope

Chez Procope

Igreja de Saint Séverin

Igreja de Saint Séverin

Angulo da igreja de Saint Séverin. Quartier Latin

Angulo da igreja de Saint Séverin. Quartier Latin
(foto Ana Maria Lucena)

Detalhe da Catedral de Notre Dame

Detalhe da Catedral de Notre Dame

Bassin Igor Stravinsk (ao lado do Beaubourg)

Bassin Igor Stravinsk (ao lado do Beaubourg)
Foto de Vera Bungarten

Liceu Henri IV

Liceu Henri IV
foto de Maria do Rosario

Liceu Henri IV. Ao fundo, o Panthéon

Liceu Henri IV. Ao fundo, o Panthéon
foto de Maria do Rosario

Liceu Henri IV

Liceu Henri IV
foto de Maria do Rosario

Liceu Henri IV

Liceu Henri IV
foto de Maria do Rosario

Jardin du Luxembourg

Jardin du Luxembourg

Espetaculo de mimica

Espetaculo de mimica
Jardin du Luxembourg

Rive Gauche

Rive Gauche

Barcelona Arco do Triunfo

Barcelona Arco do Triunfo

Museu de Zoologia e Historia Natural

Museu de Zoologia e Historia Natural

Jardin du Luxembourg

Jardin du Luxembourg
O despertar da primavera