Os convidados tinham acabado de sair e a mae ia começar a lavar a louça do jantar quando tocou a campainha. Sera que esqueceram alguma coisa? Era o filho que entra com ar pouco à vontade. No corredor a mae vê um vulto que reconhece como um dos amigos dele.
-Entre, disse, apesar de ja ser quase meia-noite e de estar super cansada.
O filho puxou-a para um canto. - Mae, Yan-Teck pode dormir aqui hoje?
- Claro que nao, você sabe muito bem que nao temos espaço, este apartamento é um ovo...
- Mae, ele bebeu, chorou muito e nao pode voltar pra casa. Ele esta com problema com os pais.
Yan-Teck se encostava na parede e sorria enquanto seus olhos vagavam pelo teto da peça.
- O quê? Vocês beberam? Como? Onde? O quê?
- Calma, mae, eu nem estava la. Ele estava numa festa dos CDF da classe, eu estava com Jean e Dimitri e de repente telefonaram da festa pra que Jean fosse busca-lo porque ele estava assim. Foi uma luta conseguir trazê-lo.
- E por que ele nao foi pra casa de Jean, que mora num apartamento enorme? Ou pra casa de Dimitri?
- Mae, a mae do Jean nao ia querer recebê-lo, né ( Jean é nobre, é duque, vejam so, ainda existe isso por aqui) e Dimitri mora num foyer. Por favor, mae!
A mae olha pra Yan-Teck e vê que sera impossivel fazê-lo descer três andares. Suas pernas fazem um X e sua cabeça tomba de lado. Ele se apoia valentemente no espaldar de uma cadeira.
-Entre, disse, apesar de ja ser quase meia-noite e de estar super cansada.
O filho puxou-a para um canto. - Mae, Yan-Teck pode dormir aqui hoje?
- Claro que nao, você sabe muito bem que nao temos espaço, este apartamento é um ovo...
- Mae, ele bebeu, chorou muito e nao pode voltar pra casa. Ele esta com problema com os pais.
Yan-Teck se encostava na parede e sorria enquanto seus olhos vagavam pelo teto da peça.
- O quê? Vocês beberam? Como? Onde? O quê?
- Calma, mae, eu nem estava la. Ele estava numa festa dos CDF da classe, eu estava com Jean e Dimitri e de repente telefonaram da festa pra que Jean fosse busca-lo porque ele estava assim. Foi uma luta conseguir trazê-lo.
- E por que ele nao foi pra casa de Jean, que mora num apartamento enorme? Ou pra casa de Dimitri?
- Mae, a mae do Jean nao ia querer recebê-lo, né ( Jean é nobre, é duque, vejam so, ainda existe isso por aqui) e Dimitri mora num foyer. Por favor, mae!
A mae olha pra Yan-Teck e vê que sera impossivel fazê-lo descer três andares. Suas pernas fazem um X e sua cabeça tomba de lado. Ele se apoia valentemente no espaldar de uma cadeira.
- A mae dele sabe que ele esta aqui? - sua ultima esperança.
- Sabe sim, mae, a gente ligou pra ela e avisou que ele vai dormir aqui.
- Sabe sim, mae, a gente ligou pra ela e avisou que ele vai dormir aqui.
Nada a fazer a nao ser minimizar os prejuizos. - Pegue o colchonete e ponha aqui na cozinha. Nao quero que ele vomite no carpete.
-Mae, ele vai se sentir muito sozinho aqui na cozinha. Deixe ele no quarto, se ele vomitar eu limpo.
- Na cozinha ou fora daqui de casa.
- Maê! Você! Posso dormir na cozinha também?
- A vontade.
Dois colchonetes na cozinha, passagem interditada. A louça fica por lavar, nem a mesa pode ser completamente tirada. Yan-Teck desmaia imediatamente sem tirar nem os tênis. O filho, ao lado, lê seu livrinho de puxar o sono como se estivesse num hotel .
Dai a pouco a filha chega e nao pode entrar na cozinha. Por pouco, no escuro, nao pisa na cabeça de Yant-Teck que ultrapassa a soleira da porta. O apartamento é um ovo.
- Que é que esse chinês esta fazendo aqui?
- Ele bebeu e nao pôde voltar pra casa.
- E você com isso, mae?
-Minha filha!
Duas horas da manha a mae é acordada por um forte barulho : Yan-Teck bate convulsivamente a cabeça na porta da cozinha. E se poe a vomitar, logico. A pobre mae, a santa, se levanta e vai correndo buscar uma bacia mas chega tarde demais. Yan-Teck esta meio sentado, alagado em vômito e parece continuar dormindo. A samaritana limpa sua boca, limpa o lugar onde ele esta dormindo, faz um cha e tenta fazê-lo beber. Em vao. Ele dorme. A seu lado, o filho dorme como se estivesse num hotel.
A mae, nada mais podendo fazer, volta pra cama. E pega no sono. Dai a pouco, novamente as pancadas na porta. Outra crise de vômito. A mae, socorre o aflito e limpa o pecador, que continua dormindo.
Quando ela escuta a terceira crise continua deitada. Nao consegue dormir mas nao se levanta. Espera passar. Na quarta vez ela vai ver a situaçao. Sao seis da manha, se nao fosse domingo estaria na hora de levantar. Yan-Teck continua desmaiado e parece ter vomitado so agua. Ou alcool. O filho também dorme o sono dos justos.
A mae resolve fazer um exercicio de yoga e entregar pra Deus.
Quando se levanta, depois das dez, o malfeitor ja abandonou o local do crime. Pelo colchonete nao ha nada a fazer se nao pô-lo no lixo , tarefa que é executada por um filho com convulsoes de nojo.
-Mas Yan-Teck, heim, comenta a mae. E os chineses, que têm fama de serem disciplinados!
-Ele é coreano, mae.
4 commentaires:
As suas histórias de vida são sempre otimíssimas, e essa é muito boa, além de engraçada, mesmo no lado punk-nojento-vomital :) Tomara que o garoto resolva-se com os pais e não entre muito fundo nos porres, sobretudo se não tiver onde cair de sono :)
Quer dizer que ainda há nobres no meio da galera, mesmo?
beijo, beijo nas 'crianças',
clara
Merci, Clarita.
De fato, ser mae é padecer no paraiso...
Quanto aos nobres, por incrivel que pareça, ainda se apresentam como Monsieur le Duc, etc e tal.
E o neo-porrista é um dos primeiros da classe, veja você...
Bises,
Eliana
O drama/comédia do dia a dia contado de uma forma que nos prende do início ao fim.
Um exercício fantástico da narrativa da realidade dos pequenos (pequenos?) momentos que todos passamos de uma forma ou de outra.
Valeu a pena ler este conto a partir o ponto de vista de uma mãe. Afinal, mãe é mãe!
Obrigadissima pelo apoio, amigo.
Beijo
Eliana
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