A mae foi buscar o filho na praia, com uma bermuda e uma camiseta seca na mao: hora do médico. Maior sol no inverno carioca, o filho protesta:
-O que, outro endocrinologista, mae?
O filho adora mexer com os brios patrioticos da mae: - Mas mae, se o cara de Paris ja disse que nao da o hormonio o que é que você vai ver com esses silvicolas?
A mae aproveitava as férias no Brasil e tinha marcado hora com um endocrinologista recomendadissimo para a pergunta que nao quer calar:
-Doutor, meu filho deve tomar o hormônio do crescimento?
O médico nao tinha horario, coisa e tal mas a recepcionista conseguiu "acrescentar" a consulta numa sexta-feira, às 18 horas.
O médico, risonho e amavel, examina o menino, faz as perguntas de praxe e se senta para, calmamente, explicar as coisas ao menino e a sua mae. Didaticamente:
1- A altura do menino é normal e ele nao apresenta patologia do crescimento. Sua altura sera em torno de 1,70 ao fim do crescimento ( até ai ja se sabia). O pedido de hormônio tem entao razoes puramente estéticas.
2- A academia de medicina americana acaba de liberar o hormônio do crescimento para utilizaçao nesses casos. Na Europa ainda nao é possivel utiliza-lo em tais condiçoes.
3- Pessoalmente, ele poderia prescrever o hormônio nesses casos mas so depois de explicar muito bem aos pais o que esta em jogo.
4- Ou seja: liberado ou nao, trata-se de um medicamento que ainda nao foi verdadeiramente testado em humanos. Sera preciso que se passem 30, 40 anos para que se verifique o que aconteceu (ou nao aconteceu) com as crianças que tiverem tomado esse hormônio em comparaçao com as outras da mesma geraçao. So depois disso é que se podera falar verdadeiramente em medicamento testado.
5- Por outro lado, o hormônio so dara 2 ou no maximo 3 centimentros às crianças no caso do filho da mae. -" Tem mae que chega aqui me pedindo 10 centimetros a mais pra seu filho. Ora, eu nao faço milagres, isso é impossivel".
6- Vamos correr o risco? 3 centimetros a mais valerao a pena?
O médico pega uma trena e mostra ao menino o que sao, concretamente, 3 centimetros.
O menino reflete, a mae reflete.
7- "-E entao, qual é a decisao?" pergunta o médico.
8- "-A resposta é Nao", diz o menino. A mar respira aliviada, sua decisao era a mesma.
O médico e o menino conversam animadamente. Estudos, planos, linguas estrangeiras. Os avos do médico sao russos. Ele ja representa a segunda geraçao de brasileiros. Fez medicina aqui e se especializou em Paris. O menino tem ainda alguma duvida sobre sua situaçao? Nao, o menino esta satisfeito com as respostas obtidas. E com a acolhida do médico. A mae também.
Cordialmente o médico se levanta para acompanha-los até a porta. Ele parece ter mais de 1, 80.
No elevador o menino sorri: "-Simpatico ele, né, mae? Explicou tudinho, o cara de Paris nao podia ter dito isso logo de uma vez?"
E a vez de a mae ir à forra: "- Ué, você afinal gostou do silvicola?"
Mas o filho nao perde a pose: "-Mas ele estudou em Paris, mae"
-O que, outro endocrinologista, mae?
O filho adora mexer com os brios patrioticos da mae: - Mas mae, se o cara de Paris ja disse que nao da o hormonio o que é que você vai ver com esses silvicolas?
A mae aproveitava as férias no Brasil e tinha marcado hora com um endocrinologista recomendadissimo para a pergunta que nao quer calar:
-Doutor, meu filho deve tomar o hormônio do crescimento?
O médico nao tinha horario, coisa e tal mas a recepcionista conseguiu "acrescentar" a consulta numa sexta-feira, às 18 horas.
O médico, risonho e amavel, examina o menino, faz as perguntas de praxe e se senta para, calmamente, explicar as coisas ao menino e a sua mae. Didaticamente:
1- A altura do menino é normal e ele nao apresenta patologia do crescimento. Sua altura sera em torno de 1,70 ao fim do crescimento ( até ai ja se sabia). O pedido de hormônio tem entao razoes puramente estéticas.
2- A academia de medicina americana acaba de liberar o hormônio do crescimento para utilizaçao nesses casos. Na Europa ainda nao é possivel utiliza-lo em tais condiçoes.
3- Pessoalmente, ele poderia prescrever o hormônio nesses casos mas so depois de explicar muito bem aos pais o que esta em jogo.
4- Ou seja: liberado ou nao, trata-se de um medicamento que ainda nao foi verdadeiramente testado em humanos. Sera preciso que se passem 30, 40 anos para que se verifique o que aconteceu (ou nao aconteceu) com as crianças que tiverem tomado esse hormônio em comparaçao com as outras da mesma geraçao. So depois disso é que se podera falar verdadeiramente em medicamento testado.
5- Por outro lado, o hormônio so dara 2 ou no maximo 3 centimentros às crianças no caso do filho da mae. -" Tem mae que chega aqui me pedindo 10 centimetros a mais pra seu filho. Ora, eu nao faço milagres, isso é impossivel".
6- Vamos correr o risco? 3 centimetros a mais valerao a pena?
O médico pega uma trena e mostra ao menino o que sao, concretamente, 3 centimetros.
O menino reflete, a mae reflete.
7- "-E entao, qual é a decisao?" pergunta o médico.
8- "-A resposta é Nao", diz o menino. A mar respira aliviada, sua decisao era a mesma.
O médico e o menino conversam animadamente. Estudos, planos, linguas estrangeiras. Os avos do médico sao russos. Ele ja representa a segunda geraçao de brasileiros. Fez medicina aqui e se especializou em Paris. O menino tem ainda alguma duvida sobre sua situaçao? Nao, o menino esta satisfeito com as respostas obtidas. E com a acolhida do médico. A mae também.
Cordialmente o médico se levanta para acompanha-los até a porta. Ele parece ter mais de 1, 80.
No elevador o menino sorri: "-Simpatico ele, né, mae? Explicou tudinho, o cara de Paris nao podia ter dito isso logo de uma vez?"
E a vez de a mae ir à forra: "- Ué, você afinal gostou do silvicola?"
Mas o filho nao perde a pose: "-Mas ele estudou em Paris, mae"
3 commentaires:
Enfim, esse problema de altura está resolvido, parece que o menino tem mais bom senso do que a mãe... pena que não o conheci, mas conhecerei da próxima vez, ele parece ser um fofo. E as fotos dos 'silvícolas', serão postadas? Beijos, bem-vinda aqui,
tia vera
E aproveitando, reli o post Cinema na cidade e acabei de elegê-lo o melhor post de todos dos tempos, não porque eu fico com os olhos molhados quando leio (isso acontece souvent comigo) mas porque tem tanto ensinamento útil e não babaca que posso reler forever...
bjo,
a mesma tia
Eliana,
essa história de altura gera polêmica mesmo. Tenho dois irmãos mais novos. O do meio tem um metro e noventa, um galalau, por quem as mulheres suspiram. Sempre ouvi comentários, na surdina, que ele é um gato, que olhos.
O caçula tem um metro e oitenta, outro gato. Enquanto o outro chegou naturalmente a 1.90, o menor tomou, há três décadas praticamente, hormônios para crescimento. Nâo sei em que condições, só lembro vagamente o nome do médico.
Já ouvi muito essa história porque Manuela também pertence ao grupo das baixinhas.
MInha sobrinha mais velha, a filha desse irmão de 1.90, tem 13 anos e mede 1,73. A mãe tem minha altura. E essa garota morre de vergonha de ser alta. Sem falar nos outros complexos. É linda, porém supostamente com uma baixa auto-estima.
Já consultei a pediatra da Manuela, que me disse ser bobagem eu querer pensar em algo. Deixa ela com a altura que ela tem. É brasileira. Pronto.
Eu tenho também uma amiga que é muito baixinha. Seu ex-marido, idem. Eles não têm mais do que 1,50. Resumindo, o filho era pequenino. Ele tomou o tal do hormônio. Sei que hoje tem pouco mais do que 1,70.
Em suma, tomara que seu filho não tome nada. Eu tenho minhas dúvidas também. E olhe que sempre namorei com homens com 1,70 ou no máximo 1,74. QUando me entrelacei com alqum maior, foi um fiasco.
Os menores sempre deram muitíssimo bem conta do recado. Ou seja, deixe seu filho em paz.
E quanto aos silvícolas, confesso que não gosto desse termo. Ele me soa muito pejorativo.
Beijocas de Sampa,
Mari-Jô Zilveti
http://nomadismocelular.wordpress.com
Enregistrer un commentaire