"Uma estranha loucura se apossa das classes trabalhadoras das nações em que reina a civilizaçao capitalista. Tal loucura provoca misérias individuais e sociais que, ha séculos, torturam a triste humanidade. Essa loucura é o amor ao trabalho, a paixão moribunda pelo trabalho, levada até o esgotamento das forças vitais do individuo e de sua progenitura. Em lugar de reagir contra essa aberraçao mental, os padres, os economistas, os moralistas, sacrossantificaram o trabalho. Homens cegos e limitados, quiseram ser mais sabios que seu Deus; homens fracos e despreziveis, quiseram reabilitar aquilo que seu Deus havia amaldiçoado. Eu, que não me professo cristão, econômico nem moral, quero julgar seu julgamento à luz do julgamento de seu Deus; quero julgar os sermões de sua moral religiosa, econômica, livre-pensadora a partir das pavorosas consequências do trabalho na sociedade capitalista.
Na sociedade capitalista, o trabalho é a causa de toda degenerescência intelectual, de toda deformação orgânica. Compare-se o puro-sangue dos haras de Rothschild, servido por uma criadagem de bimanos, ao pesado animal das fazendas normandas, que puxa o arado, puxa a carroça de estrume, recolhe a colheita. Observe-se o nobre selvagem que os missionarios do comércio e os comerciantes da religião ainda não corromperam com o cristianismo, a sifilis e o dogma do trabalho e observem-se em seguida nossos miseraveis servidores das maquinas."
Na sociedade capitalista, o trabalho é a causa de toda degenerescência intelectual, de toda deformação orgânica. Compare-se o puro-sangue dos haras de Rothschild, servido por uma criadagem de bimanos, ao pesado animal das fazendas normandas, que puxa o arado, puxa a carroça de estrume, recolhe a colheita. Observe-se o nobre selvagem que os missionarios do comércio e os comerciantes da religião ainda não corromperam com o cristianismo, a sifilis e o dogma do trabalho e observem-se em seguida nossos miseraveis servidores das maquinas."
Esses sao os dois primeiros paragrafos do primeiro capitulo de "O Direito à Preguiça", de Paul Lafargue (e traduçao minha), livro que conheci nos anos 80 por indicaçao de Imara Reis. Ha varias traduçoes em português. No site abaixo esta em versao integral, em francês. Tem de clicar no link e depois em "lancer une recherche":
Paul Lafargue casou-se com a filha caçula de Marx, Jenny Laura. Moraram em Asnières, um suburbio de Paris, onde ela, acostumada com o movimento da casa de seus pais em Londres, se entediava loucamente. Em 1911, ele com 69 e ela com 66 anos, fizeram um pacto de morte e se suicidaram, deixando uma carta na qual declaravam ter escolhido a morte antes da velhice.
Um ramo de muguet para todos nos!
3 commentaires:
Muito apressadinhos, esses dois, mal sabiam que talvez morressem alguns meses depois, who knows...queriam mesmo morrer, não tinha a ver com velhice.
Quanto à questão do trabalho, desculpabilizar-me pelo ócio é um dos esforços que faço nowadays, mas acredito que com esse tempo livre encontrarei uma outra ocupação muito prazerosa (e quição rentável) para ocupar o resto de meus dias. (Acho que vou ler esse livro).
bises,
clara
Surpreendente, mas eu pouco sei da família de Marx. Logo eu que sou um admirador do velho barbudo até hoje; algo até meio fora de moda. Embora continue com a opinião de que ninguém dissecou o sistema capitalista como ele. O estragaram os blocheviques e sua consequência imediato: Stalin.
Mas o texto me deu curiosidade de conhecer a obra.
Achei o livro em português aqui
http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/direitopreguica.html
beijo,
clara
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