Finalmente ontem de manha fui assistir a Vicky Cristina Barcelona. Ja estava devendo. Bem, gostei, menos do que esperava mas gostei. Gostei muito de Scarlet Johanson e menos de Penélope Cruz. E verdade que a primeira interpreta muito a si mesma ( mas como, por exemplo, De Niro ou o proprio Woody Allen) mas Penélope faz o jogo do gringo e apresenta uma caricatura de espanhola louca. Talvez tenha sido o papel e nao a atriz mas o fato é que me incomodou aquela latinidade toda sob os olhos anglosaxonicamente bem-pensantes das duas moçoilas.
Woody continua falando do que falam todos: a vida dura so um dia, Luzia/ e nao se leva nada deste mundo. Toda a literatura, toda a arte diz isso: por que sera que ninguém acredita?
No fim da tarde, marido, cinéfilo compulsivo, que nao pode passar uma tarde sem outro filme, pôs Lancelot no leitor. E através dele revimos o Vicky. E Tristão e Isolda e Casablanca e A filha de Ryan e o magistral Elia Kazan de Splendor in the grass. Todos desenvolvem a mesma oposiçao: desejo ou dever? Vontade ou Sensação?Todos mostram que os sentimentos não têm muito a ver nesse momento crucial, que ao contrario, so servem pra atrapalhar. Amo? Nao amo? Amo como? Que "tipo de amor", etc... A quase-rainha Geneviève diz ao rei Arthur que o amor tem muitas faces. E um como sempre perfeito Sean Connery lhe responde que entao ele quer aquela que ela oferece a Lancelot , isto é, ao jovem Richard Gere (Minha mãe, que anda me visitando muito ainda não sei por que, dizia que o essencial numa relação era a "atraçao fisica" (sic), porque casamento era muito chato e sem " essa parte" ninguém aguentava).
Vicky Cristina Barcelona seria interessante se Vicky chutasse o balde e fosse substituir Maria Elena mas levando seu espirito de puritana americana junto com sua tradição de "pioneira". Ela organizaria a loucura do pintor que precisava, como diz a narração, de uma mulher em casa. Vicky e não Cristina, perdida demais, "artista" demais ela também. Seria uma receita ao menos nova. Assim como ficou, o filme repete o prototipo dos intermezzo à italiana dos anos 50 e 60, começa e termina no aeroporto e por isso é um filme velho. Uma repetição diminuida de Ricas e famosas que este sim é um susto, um soco, duas amigas, como sempre a loura louca e a morena bem-comportada, procurando seus respectivos destinos.
Procurando bem acho que o melhor exemplo de conduta é o de Ulisses, o esperto: não se pode perder o canto das sereias. Mas tem-se também de tomar todas as providências pra não morrer afogado. Alguém diz melhor?
2 commentaires:
Querida, clara lopez sente-se honrada em ser mencionada no seu post, mesmo que seja para firmar uma discordância, que também está ficando repetitiva, mas como ja´disse alhures, cada um com amarelo, ou vermelho, ou roxo ou...
De todo modo, acho a vicky uma chatinha, não vejo como ela poderia viver com o pintor, ela certamente o enlouqueceria mais ainda, ou ele a mataria, ou morreria de tédio.
Eu achei menos interessante essa idéia, que há, claro, de seize the day e carpe diem (até porque ao final todos voltam a suas vidinhas mais ou menos medíocres) do que o drama mesmo do enconto dessas figuras tão estranhas umas às outras. E continuo achando a atuação da Penelope e do Barden a luz do filme, as duas americanas não dizem a que vieram.
É isso, espero que continuemos discordando civilizadamente, e amigas,
clara lopez
Clara,
Acho que nossas discordâncias se apoiam em concordâncias muito mais numerosas. E na grande admiraçao que tenho por você.
Bises,
Eliana
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