Marcos Moreno evoluia futilmente nos salões do governador, D. Carlos Madariaga, sob o olhar desgostoso de sua noiva, a bela Isabela, filha do mesmo D. Carlos. Ao fim do baile o Cavaleiro da Noite ia encontra-la na sacada de seu quarto. Imersos no perfume intenso de jasmim sob o claro luar das Caraibas eles se beijavam e nem tanta proximidade deixava a bela Isabela descobrir que o revolucionario por quem se apaixonara não era outro senão seu noivo, o mesmo Marcos Moreno que usava a cobertura de poltrão e subserviente para melhor servir à causa revolucionaria de dentro do palacio do opressor espanhol. Nas sombras da enseada, o pirata Robledo e o gigante André coordenavam a guerrilha, que se chamava à época, guerra de emboscadas. A ilha de Porto Esperança seria libertada e a Radio Nacional explicava às crianças o que se passava em Sierra Maestra.
Enquanto isso, o Coyote, coberto pela poeira vermelha do deserto, chegava precipitadamente a uma rua e entrava, a cavalo mesmo, por uma porta que se abria sobre um patio ainda mexicano antes de ser californiano. Uma mulher o esperava com informaçoes e alimentos, blusa branca caida nos ombros e flor no cabelo. Soledade?
E assim, Beau Geste e seus irmãos, alistados na Legão Estrangeira, pareciam meio deslocados no norte da Africa. Os tuaregs, os selvagens homens azuis que empalavam os prisioneiros, eram realmente temiveis. Mas não estavam na terra deles? Argel, Oran, Sidi-Bel-Abbès, que é que faziam aqueles bons europeus em seus fortes construidos em territorio alheio? Beau Geste percorria à noite as ruas da cidade por entre as prostitutas vestidas com roupas muito coloridas, sentadas imoveis diante das casas. Somente seus olhos se mexiam, acompanhando os transeuntes. -"Não quero uma orquidea africana, quero uma rosa inglesa", dizia ele pensando na noiva deixada em Londres. Os irmãos Geste, aristocratas ingleses, estavam na Africa para proteger a honra de sua tia, por heroismo e fidelidade familiar. Outros tinham escolhido as areias para limpar a propria honra, arriscando-se em mil perigos, dos quais o maior era oferecido pelo sol, que cegava os que se perdiam no Sahara. Cada membro da Legião tinha sua historia secreta, seu crime oculto, seu romance escondido. As paginas se sucediam em três volumes que corriam de Londres a Addis-Abeba. Geraçoes de leitores amaram os mapas e os povos exoticos - ingleses, franceses e arabes. Mas uma pergunta restava no fim dos livros: que é que faziam os europeus na Africa? Que procuravam eles em suas incursões nos desertos?
4 commentaires:
L'argent, ma belle, toujours l'argent...:) vc andou lendo um bocado de histórias de capa e espada e, pelo visto, aprendeu também a contá-las muito bem.
beijo,
clara
Caramba, fiquei um pouco zonzo nessa viagem que misturou revoluções e libertações, passando por Cuba, México, Argélia. Um texto muito rico em citações.
Particularmente, gosto muito da história da revolução cubana que começou em Sierra Maestra. Uma biografia fantástica e que gostei muito foi a de Cheguevara por Lee Anderson, um verdadeiro romance.
Você lembrou d'O Coyote!!! Caramba, isso é fantástico, genial, rememorativo. Quadrinhos incríveis de "tempos que não voltam mais"
Aliás, fui leitor assíduo das coleções da Companhia Editora Nacional, que publicou "Beau Geste", "Capitão Blood" e as aventuras de Tarzan (as quais, aliás, li todas). Algumas eram inham traduzida por Monteiro Lobato.
Gostei... muto... muitíssimo.
Eliana, desculpe os erros de digitação. Foi a emoção...
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