jeudi 27 novembre 2008

Politica para menores

Marcos Moreno evoluia futilmente nos salões do governador, D. Carlos Madariaga, sob o olhar desgostoso de sua noiva, a bela Isabela, filha do mesmo D. Carlos. Ao fim do baile o Cavaleiro da Noite ia encontra-la na sacada de seu quarto. Imersos no perfume intenso de jasmim sob o claro luar das Caraibas eles se beijavam e nem tanta proximidade deixava a bela Isabela descobrir que o revolucionario por quem se apaixonara não era outro senão seu noivo, o mesmo Marcos Moreno que usava a cobertura de poltrão e subserviente para melhor servir à causa revolucionaria de dentro do palacio do opressor espanhol. Nas sombras da enseada, o pirata Robledo e o gigante André coordenavam a guerrilha, que se chamava à época, guerra de emboscadas. A ilha de Porto Esperança seria libertada e a Radio Nacional explicava às crianças o que se passava em Sierra Maestra.
Enquanto isso, o Coyote, coberto pela poeira vermelha do deserto, chegava precipitadamente a uma rua e entrava, a cavalo mesmo, por uma porta que se abria sobre um patio ainda mexicano antes de ser californiano. Uma mulher o esperava com informaçoes e alimentos, blusa branca caida nos ombros e flor no cabelo. Soledade?
E assim, Beau Geste e seus irmãos, alistados na Legão Estrangeira, pareciam meio deslocados no norte da Africa. Os tuaregs, os selvagens homens azuis que empalavam os prisioneiros, eram realmente temiveis. Mas não estavam na terra deles? Argel, Oran, Sidi-Bel-Abbès, que é que faziam aqueles bons europeus em seus fortes construidos em territorio alheio? Beau Geste percorria à noite as ruas da cidade por entre as prostitutas vestidas com roupas muito coloridas, sentadas imoveis diante das casas. Somente seus olhos se mexiam, acompanhando os transeuntes. -"Não quero uma orquidea africana, quero uma rosa inglesa", dizia ele pensando na noiva deixada em Londres. Os irmãos Geste, aristocratas ingleses, estavam na Africa para proteger a honra de sua tia, por heroismo e fidelidade familiar. Outros tinham escolhido as areias para limpar a propria honra, arriscando-se em mil perigos, dos quais o maior era oferecido pelo sol, que cegava os que se perdiam no Sahara. Cada membro da Legião tinha sua historia secreta, seu crime oculto, seu romance escondido. As paginas se sucediam em três volumes que corriam de Londres a Addis-Abeba. Geraçoes de leitores amaram os mapas e os povos exoticos - ingleses, franceses e arabes. Mas uma pergunta restava no fim dos livros: que é que faziam os europeus na Africa? Que procuravam eles em suas incursões nos desertos?

Hino Nacional da Argélia

Ja que falei tao entusiasmadamente no hino, resolvi pôr logo o link para que ele possa ser ouvido. Depois porei também uma traduçao do francês. E como lamento nao poder ouvi-lo em arabe... Minha paixao por linguas estrangeiras é, infelizmente, recente.

http://fr.youtube.com/watch?v=xSdy2GlxOW4

mardi 25 novembre 2008

Fashhadoo

Fashhadoo quer dizer "Testemunhem" em arabe e é a palavra-chave do hino nacional da Argélia.
Outro dia, meus filhos e eu estavamos ouvindo na internet hinos nacionais de varios paises e fomos como que capturados pela força do estribilho do hino argelino: "Fashhadoo! Fashhadoo! Fashhadoo!".
Fomos procurar a traduçao e encontramos uma letra fortissima. O testemunho que o estribilho pede refere-se à luta pela independência do pais.
Procuramos mais e ficamos sabendo que o texto foi escrito no contexto da guerra de libertaçao, foi cantado pela primeira vez em 1957 e que foi adotado como hino nacional depois da independência da Argélia, em 1963. O autor da letra, o poeta Moufdi Zakaria, escreveu-a em 1955 com seu sangue nas paredes da prisao em que estava preso em Argel. A musica - muito bela - é de Mohamed Fauzi.
A Argélia é um dos temas delicados - delicadissimos - aqui na França. A Argélia, a colonizaçao francesa, a descolonizaçao, a islamizaçao do pais, as dividas da França para com a naçao argelina, a integraçao dos argelinos residentes na França à naçao francesa, os harkis - Meu Deus, sao feridas que parecem mais dificeis de fechar que as provocadas pela Segunda Guerra entre a França e a Alemanha.
Para a grande populaçao de argelinos habitante da França assim como para os franceses descendentes de argelinos, a integraçao à sociedade francesa nao é so um desejo, é uma imperiosa necessidade. A França é - ainda e ainda bem - um pais que exige e promove a integraçao de seus habitantes a um nucleo de valores estabelecido como francês. Ela se nutre da diferença mas pondo-a a serviço da unidade nacional. Assim, desde a mais tenra infância, na esfera publica o francismo é inculcado nas crianças. E imagino como deve ser dificil para um menino filho ou neto de argelinos ter de estudar na escola o processo de colonizaçao e de descolonizaçao francesa na terra de seus ascendentes. Alias, ha pouco tempo desencadeou-se uma grande polêmica tendo por tema a necessidade ou a oportunidade de os livros didaticos apresentarem desculpas francesas aos povos colonizados no Maghreb, que é como se chama aqui o norte da Africa.
Como se antevisse esse processo, o hino da independência argelino, hino de luta - como a Marselhesa - é épico, narrativo: ele conta como começou a luta, seus motivos, suas fases, desde as trataçoes diplomaticas até a guerra. E tem como estribilho um unico voto, dirigido aos ouvintes: Nao esqueçam, nao deixem esquecer. Contem a seus filhos para que eles contem aos filhos deles. Testemunhem! Fashhadoo!

dimanche 23 novembre 2008

Duas mulheres

As mudanças não vêm somente dos USA.

Aqui na França, duas mulheres disputaram na quinta passada ( 20 de novembro) a Secretaria Geral do Partido Socialista, o que não é pouca novidade. O que é uma marca historica, como disse, sendo citada por todos os jornais, uma delas, Martine Aubry, alias a vencedora.

Vencedora com 50,02 ou 50,04 %, segundo a fonte, dos votos dos militantes, chamados a decidir num segundo turno uma eleição que os dirigentes do partido não conseguiram resolver. 42 ou 49 pessoas, os numeros variando segundo a fonte, decidiram a vitoria. Uma vitoria dificil de comemorar e dificilima de pôr em pratica. Como é que se pode dirigir um partido claramente cindido ao meio? Que tipo de aliança pode ser feito numa circunstância dessas?
As diferenças entre Martine Aubry, 58 anos, e Ségolène Royal, de 56, são, neste momento, mais visiveis que as semelhanças que seguramente existem entre elas. Ségolène é Presidente do Conselho Regional de Poitou- Charente, centro-oeste ( região de Poitiers), um posto importante mas não de contato direto com o povo; Martine é prefeita ( "maire", porque "préfet" é um posto de policia) de Lille, no norte , isto é, tem um corpo-a-corpo cotidiano com a população. Ségolène é vista como alguém personalista, Martine como quem gosta do trabalho em equipe.
Ségolène, candidata derrotada à Presidência da Republica e ex-companheira do ainda Presidente do Partido, François Hollande, bonita, magra apesar de numerosas maternidades, cuidadissima, sempre ultra bem vestida, "a" classe, é uma figura midiatica à americana. Adora entrevistas e deve ter tido um coach para suas apariçoes pois sai sempre bem em suas fotos. Martine, por outro lado, parece cultivar a aparência austera que apresenta. Filha de Jacques Delors, o articulador da idéia de Europa e sobretudo do euro, foi, ela mesma, a responsavel pela adoção da semana de 35 horas, durante o periodo em que foi Ministra do Emprego e da Solidariedade. Fora do peso, cabelos curtinhos, parece não se preocupar nem com a aparência nem com a imagem, pois é dificil encontrar uma foto em que ela esteja sorrindo. Passa no entanto confiabilidade e firmeza.
Quanto às idéias que chegam ao grande publico como sendo os pontos-chave de uma e outra, enquanto Ségolène propoe uma refundação do partido, Martine pretende reorganiza-lo. Assim, enquanto Martine propõe que o partido busque a renovação de suas forças em seus proprios principios, que deveriam ser reforçados, Ségolène propõe uma modernização justamente do quadro de valores do PS, dizendo-se aberta a novas idéias. Se Martine tem propostas a discutir Ségolène trabalha utilizando propostas dos militantes que ela estimula a se manifestarem. Martine conta com o apoio de grande parte do aparelho politico, Ségolène tem sua força na vaga passional que é capaz de suscitar entre os militantes. Martine se cerca dos politicos tradicionais do partido, Ségolène se afastou desses que chama de "elefantes" , trabalha incessantemente o tema da renovação etaria, da necessidade de os "velhos" cederem lugar aos jovens e, claro, constroi sua força através da ala jovem do partido que ela, evidentemente, lidera.
A primeira vista, Ségolène é a mudança, Martine, a continuidade. A primeira vista.
Vistas de fora do processo, por uma nao-militante, Martine parece uma continuidade critica, prudente e dificil caminho, que pode levar tanto ao sucesso, à renovação quanto à estagnação. E Ségolène, que fascina por sua força pessoal absolutamente nova por aqui, assusta por seu personalismo, pelo desejo assumido de dirigir sem compromissos com seus pares no partido e pela maneira direta com que se comunica com o povo.

lundi 17 novembre 2008

Falar e dizer na Universidade

Ha pouco tempo, por circunstâncias profissionais, fui a uma cerimônia universitaria em homenagem a uma professora que se aposentava. Como não pertenço a seu circulo de amigos, não estava emocionalmente envolvida na despedida. Assim, os discursos que ouvi me pareceram estranhos. Pois giraram todos em torno do tema da "familia": "Fulana, eis aqui Fulano, Sicrano, Beltrano (e desfilaram todos os nomes dos membros do departamento a que pertencia a homenageada, assim como os de membros de outros departamentos, seus amigos pessoais), nos somos sua familia, você deixa laços de afeto, nosso amor a acompanha, volte sempre, volte quando quiser, venha nos visitar, precisamos de você, etc e tal".

Fiquei pensando que, caso tivesse tido um percurso estavel e viesse a me aposentar por limite de idade na universidade onde permanecera por trinta anos, como era o caso, não gostaria de ouvir um tal discurso. Gostaria de ouvir que meus cursos foram muito apreciados, que pelo menos alguns de meus alunos desenvolveram uma carreira, nao necessariamente universitaria, contando com idéias que tiveram a partir de minhas aulas, que o que publiquei fora util, que minha presença no departamento tinha sido aglutinadora, que eu tinha preparado minha saida. Claro que gostaria de saber que tinha feito amigos e que poderia contar com eles ( o que se espera dos membros da familia). Mas num momento crucial como esse, o que gostaria de ouvir era que eu concluia uma vida universitaria enfim, por definiçao aberta e justamente não familiar. Melhor ainda, que minha aposentadoria não significava minha reclusao perpétua a "meus aposentos" mas que o espaço publico continuava aberto para mim através dos programas de pesquisa dos quais eu ja fazia parte e dos quais continuaria a fazer parte, certamente noutra posição. Sonhos demais? Fiquei pensando também o que significariam tais discursos na boca de antropologos. Que diziam tais palavras sobre a homenageada e suas relações universitarias? Que diziam tais palavras sobre o conceito de universidade naquele circulo?

Lembrei disso depois de ler esta manha no blog de Mari-Jô Zilvetti, Nomadismo Celular, o artigo de Jonathan Franzen sobre o derramamento de sentimentos no espaço publico, merci, Mari-Jô!

dimanche 16 novembre 2008

Educaçao Sentimental

Finalmente ontem de manha fui assistir a Vicky Cristina Barcelona. Ja estava devendo. Bem, gostei, menos do que esperava mas gostei. Gostei muito de Scarlet Johanson e menos de Penélope Cruz. E verdade que a primeira interpreta muito a si mesma ( mas como, por exemplo, De Niro ou o proprio Woody Allen) mas Penélope faz o jogo do gringo e apresenta uma caricatura de espanhola louca. Talvez tenha sido o papel e nao a atriz mas o fato é que me incomodou aquela latinidade toda sob os olhos anglosaxonicamente bem-pensantes das duas moçoilas.

Woody continua falando do que falam todos: a vida dura so um dia, Luzia/ e nao se leva nada deste mundo. Toda a literatura, toda a arte diz isso: por que sera que ninguém acredita?

No fim da tarde, marido, cinéfilo compulsivo, que nao pode passar uma tarde sem outro filme, pôs Lancelot no leitor. E através dele revimos o Vicky. E Tristão e Isolda e Casablanca e A filha de Ryan e o magistral Elia Kazan de Splendor in the grass. Todos desenvolvem a mesma oposiçao: desejo ou dever? Vontade ou Sensação?Todos mostram que os sentimentos não têm muito a ver nesse momento crucial, que ao contrario, so servem pra atrapalhar. Amo? Nao amo? Amo como? Que "tipo de amor", etc... A quase-rainha Geneviève diz ao rei Arthur que o amor tem muitas faces. E um como sempre perfeito Sean Connery lhe responde que entao ele quer aquela que ela oferece a Lancelot , isto é, ao jovem Richard Gere (Minha mãe, que anda me visitando muito ainda não sei por que, dizia que o essencial numa relação era a "atraçao fisica" (sic), porque casamento era muito chato e sem " essa parte" ninguém aguentava).

Vicky Cristina Barcelona seria interessante se Vicky chutasse o balde e fosse substituir Maria Elena mas levando seu espirito de puritana americana junto com sua tradição de "pioneira". Ela organizaria a loucura do pintor que precisava, como diz a narração, de uma mulher em casa. Vicky e não Cristina, perdida demais, "artista" demais ela também. Seria uma receita ao menos nova. Assim como ficou, o filme repete o prototipo dos intermezzo à italiana dos anos 50 e 60, começa e termina no aeroporto e por isso é um filme velho. Uma repetição diminuida de Ricas e famosas que este sim é um susto, um soco, duas amigas, como sempre a loura louca e a morena bem-comportada, procurando seus respectivos destinos.
Procurando bem acho que o melhor exemplo de conduta é o de Ulisses, o esperto: não se pode perder o canto das sereias. Mas tem-se também de tomar todas as providências pra não morrer afogado. Alguém diz melhor?

mardi 11 novembre 2008

La nas campinas

Como a maioria, a casa tinha sala de jantar. So as mais ricas tinham também sala de estar, com poltronas. Na sala de jantar havia a mesa com as cadeiras. Dois moveis baixos onde se guardavam toalhas, guardanapos, a louça dos dias de festa e os talheres nas gavetas. Uma cristaleira onde ficavam os copos ( que nao eram de cristal), a licoreira com os copinhos, a jarra de refresco com seus copos altos, a compoteira. O radio. O piano. E duas estantes de livros, duas carteiras de escola para as crianças fazerem os deveres, uma cadeira de balanço e o telefone.

Na parede principal, de frente para a porta de entrada, havia o Coraçao de Jesus e o Coraçao de Maria. Reproduçoes em papel com bela moldura de madeira. Imagens de frente, com fundo claro, nas quais as figuras, de busto, pareciam olhar diretamente o observador. Todo mundo , todo o mundo conhecido tinha o Coraçao de Jesus e o Coraçao de Maria na sala. As imagens variavam mas havia um codigo secreto: as figuras estavam sempre de frente sobre fundo claro e a representaçao era neutra, quer dizer, as figuras nem sorriam nem tinham olhar triste. Seu olhar era direto.
Havia casas em que a imagem era outra, sempre a mesma: Jesus na montanha, meditava, olhando o vale. O fundo do quadro era sombrio, mostrando um crepusculo. Ao longe parecia armar-se uma tempestade. Jesus, mostrado de corpo inteiro, trajava uma tunica branca, e sentava-se sobre uma pedra. Sua expressao era melancolica. O conjunto era sentimental. Os donos dessas casas eram espiritas. Por qualquer misteriosa razao o tipo de estampa religiosa funcionava como um codigo: o catolico, dizia minha mae, nao é sentimental. Nessas casas também nao havia o Coraçao de Maria.

Nao se punham de qualquer jeito esses quadros na parede. Era preciso a cerimônia da entronizaçao. Quando uma pessoa se casava, fundando um novo lar ou quando simplesmente mudava de casa, vinha o padre para promover a entronizaçao dos Coraçoes de Jesus e de Maria. Vinham os vizinhos para a cerimônia, que consistia numa oraçao seguida pelo terço. No fim o padre benzia todo mundo e a casa, aspergia agua benta e pendurava os quadros na parede. Pronto, a casa ja estava presidida por Jesus e contava com a benevolência de Maria.

Acima da mesa de jantar ficava o quadro da Santa Ceia. O crucifixo podia ficar ou acima da porta de entrada, de frente para a sala ou ... acima da cama do casal ( segundo minha filha, para contribuir com o controle da natalidade).

No Domingo de Ramos recebiamos na igreja as palmas que guardavamos o ano todo. Durante as tempestades cobriamos todos os espelhos ( que nao eram muitos) e queimavamos um ramo.

Por duas vezes Nossa Senhora de Fatima foi nos visitar. Nao em pessoa pois nao éramos idolatras. Em representaçao. Tratava-se de uma imagem quase do tamanho de uma pessoa, que teria vindo de Portugal e estaria dando a volta ao mundo. Deve ter-se perdido porque la em casa ela esteve duas vezes. As familias se inscreviam na igreja para receber a visita . No dia marcado vinha uma procissao trazendo a imagem num andor. A sala ja estava preparada para recebê-la, um dos moveis tendo sido transformado em altar, forrado pela melhor colcha ou pela melhor toalha de jantar da casa. Os vizinhos traziam flores. Evitavam-se as velas por medo de incêndio. Durante a permanência da imagem havia terço em casa todos os dias à noite, com a presença dos vizinhos. A imagem ia embora também em procissao. E nao se podia falar em "Santa". Maria nao era "Santa", era Santissima. Cantavam-se os hinos: " Com minha mae estarei/ Na santa gloria um dia/ Junto à Virgem Maria/ No céu, triunfarei./ No céu, no céu/ No céu triunfarei". "Coraçao santo/Tu reinaras/ O nosso encanto/ Sempre seras./ Jesus amavel,/Jesus piedoso, /pai amoroso,/ fragua de amor! / A teus pés venho/ Se tu me deixas/ Sentidas queixas/ Humilde expor". As melodias eram em tom menor, lamurientas, sentimentais. Minha mae nao gostava. Repetia que o catolico nao é sentimental e onde se viu o coraçao de Jesus ser o encanto dos homens? Sentimentalidades. Por outro lado ela gostava do Hino de um Congresso Eucaristico que se tinha realizado no Rio. Bem alegre, melodia viva, convidativa em letra e musica: " De todo canto/ Vinde, correi!/ Foi posta a mesa/ De nosso rei./ Do céu desceu a chuva/ Da terra nasceu o grao/ A vinha deu a uva/ Do trigo fez-se o pao". Minha mae nao acreditava em sentimentos, acreditava em ações.


jeudi 6 novembre 2008

O reino deste mundo

Ontem às 10 e meia da noite mais ou menos, na Gare de Lyon , um entroncamento de estação de TGV , metrô e trens suburbanos chamados de RER ( Reseau Express Regional) , cruzo com um grupo de "jovens" ( como se chamam por aqui jovens negros ou arabes dos suburbios pobres). Aquele tipo de jovem que se vê em filme americano, com aqueles jeans larguissimos, cheios de mensagens e remendos, caindo pelos quadris apesar do cinto, com o gancho quase no joelho ( no verao, com camiseta, metade da cueca fica aparecendo) e arrastando no chao. Boné na cabeça, colares e brincos e aqueles tênis enormes. Muito comum aqui.
Pois é, o grupo vinha cantando alto mas pacificamente. Alegrissimo. Os meninos se dirigiam aos passantes, mais às menininhas, gritando felizes: - Obama Presidente! Acabou o racismo! Viva os negros!
Anteontem, véspera da eleiçao, minha amiga Adeline, martiniquenha, nos convidou pra um jantar com outros amigos. Nao podiamos ir, era vespera também de minha viagem semanal à provincia, a trabalho. Mas como somos vizinhas, fui vê-la de tarde. Enquanto preparava o jantar ela estava scotchada na CNN. E me disse que o jantar seria na verdade uma vigilia. Esperariam juntos a proclamaçao do resultado. Amigos africanos, martiniquenhos, franceses ( parece esquisita essa diferença mas voltarei a ela depois). Contavam conosco, os brasileiros. Pena que nao podiamos ir.
Conversamos e contei-lhe o que lera no Globo, nao sei se no Anselmo ou no Noblat: Obama hoje é o Lula de 2002. E a quebra de um paradigma, nos Esteites, de cor, entre nos, mais sutilmente, de origem. Um presidente da republica filho do Brasil, como diz o titulo de uma de suas biografias, é um novo começo. E a construçao de uma outra imagem, o principio de uma outra narrativa. A decepçao com o governante é outra coisa, e - sabem? - creio que menos importante na "durée".
Por coincidencia, estou lendo Paul Ricoeur, Temps et récit. (Dificil, dificil... mas da pra entender umas coisinhas...) . Ai se lê que é ao contar historias que se constroi a Historia, tanto a pessoal (como ensina a psicanalise) quanto a coletiva( como mostra a construçao do povo judeu em torno da Biblia). Construir e ligar imagens - narrar: voilà a construçao da ipseité, do proprio, da identidade, nao una mas multipla e coerente. Voilà a tarefa individual e coletiva.
E, não estou ouvindo falar em Monteiro Lobato neste momento. Quem se lembra d'O Presidente Negro, a ficção lobatiana na qual um homem negro e uma mulher branca disputariam a presidência dos Estados Unidos?

samedi 1 novembre 2008

Um dia a casa cai

O vizinho de baixo bate à porta. Um vazamento vindo de nosso apartamento pinga na sua cozinha. O teto esta até meio abaulado. Coisa muito desagradavel e que anuncia muita canseira mas muito frequente em Paris. Muito frequente sobretudo no Quartier Latin, com seus prédios dos século XVII, cuja ultima reforma se deu no século XVIII.
No nosso apartamento nao ha vazamento aparente. Sequinho da silva. Mas chamamos o bombeiro de confiança. Que veio e declarou que com toda a certeza tratava-se da parte interna do ralo da ducha. Como é de plastico, quebra-se facilmente . Ele so poderia vir consertar dentro de duas semanas. Até la o vizinho teria de pôr uma bacia no meio da cozinha e armar-se de paciência. E nos, de caras de pau.
Uma semana depois, dez horas da noite o vizinho bate à porta bem no meio de um filme. -"Desabou. Venham ver." Fomos ver: tinha desabado. O teto de estuque e.... a viga de madeira, do século XVII. Olhando pra cima viamos o fundo de nosso banheiro. A viga completamente podre. A infiltraçao, evidentemente, começara ha uns 10 anos atras.
No dia seguinte o corre-corre começou cedo. Os seguros dos dois apts, a agencia que nos aluga, os proprietarios, um oficial de justiça para fazer um laudo oficial, tirar fotos, etc, os bombeiros de todo mundo, o arquiteto da agência. E o vazamento nao é no ralo da ducha. E coisa mais complicada, vem do cano que traz a agua do exterior. Ainda passara o perito do seguro do prédio para declarar se é perigoso ficarmos no apartamento ou nao. Claro que nao queremos correr risco. Mas ir pra onde assim de repente? Apartamento em Paris so pedindo a Santo Antonio e às almas do Purgatorio.
- " Conseguirao os nossos herois...?"

Capa de Ronaldo Graça

Capa de Ronaldo Graça

Capa de Ronaldo Graça

Capa de Ronaldo Graça

Capa de Ronaldo Graça

Capa de Ronaldo Graça

Capa de Ronaldo Graça

Capa de Ronaldo Graça

Capa de Ronaldo Graça

Capa de Ronaldo Graça

Interior de Saint Julien le Pauvre

Interior de Saint Julien le Pauvre

Marion e a igreja de Saint Julien le Pauvre

Marion e a igreja de Saint Julien le Pauvre

Barcelona

Barcelona

Barcelona

Barcelona

Museu da Catalunha

Museu da Catalunha

A arvore mais velha de Paris.Jardim de Saint Julien le Pauvre

A arvore mais velha de Paris.Jardim de Saint Julien le Pauvre

Jardim da igreja de Saint Julien le Pauvre

Jardim da igreja de Saint Julien le Pauvre

Igreja da Madeleine

Igreja da Madeleine

Das escadas da Madeleine. Ao fundo, a place Vendôme

Das escadas da Madeleine. Ao fundo, a place Vendôme

Barcelona- Gracia

Barcelona- Gracia

Rue de Bucci

Rue de Bucci

Barcelona

Barcelona

Charitas forever

Charitas forever
Foto de Elias Francioni

Passage Saint Andre des Arts

Passage Saint Andre des Arts

Cartão-postal

Cartão-postal
Foto de Vera Bungarten

Paris...

Paris...
Foto de Vera Bungarten

No centro do Louvre

No centro do Louvre
Foto de Vera Bungarten

Passages de Paris

Passages de Paris
Foto de Vera Bungarten

Livraria Shakeaspeare.Quartier Latin

Livraria Shakeaspeare.Quartier Latin
Foto de Ana Maria Lucena

Quartier Latin

Quartier Latin
50 anos de Ionesco

Tonico Pereira. Teatro da FAAP

Tonico Pereira. Teatro da FAAP

Le Petit Pont e l'Hôtel de Police

Le Petit Pont e l'Hôtel de Police

Feliz Ano Novo ( foto de Patrick Corneau)

Feliz Ano Novo ( foto de Patrick Corneau)
Dança, a esperança equilibrista porque o show de todo artista tem de continuar.

Ilha da Boa Viagem

Ilha da Boa Viagem
Foto de Elias Francioni

Rue de la Huchette. Quartier Latin

Rue de la Huchette. Quartier Latin

Xando Graça

Xando Graça

Pont Saint Michel

Pont Saint Michel

Les Invalides

Les Invalides
Foto de Vera Bungarten

A dama de ferro

A dama de ferro
foto de Ana Lucena

A côté du Beaubourg

A côté du Beaubourg
Foto de Vera Bungarten

Chez Procope

Chez Procope

Igreja de Saint Séverin

Igreja de Saint Séverin

Angulo da igreja de Saint Séverin. Quartier Latin

Angulo da igreja de Saint Séverin. Quartier Latin
(foto Ana Maria Lucena)

Detalhe da Catedral de Notre Dame

Detalhe da Catedral de Notre Dame

Bassin Igor Stravinsk (ao lado do Beaubourg)

Bassin Igor Stravinsk (ao lado do Beaubourg)
Foto de Vera Bungarten

Liceu Henri IV

Liceu Henri IV
foto de Maria do Rosario

Liceu Henri IV. Ao fundo, o Panthéon

Liceu Henri IV. Ao fundo, o Panthéon
foto de Maria do Rosario

Liceu Henri IV

Liceu Henri IV
foto de Maria do Rosario

Liceu Henri IV

Liceu Henri IV
foto de Maria do Rosario

Jardin du Luxembourg

Jardin du Luxembourg

Espetaculo de mimica

Espetaculo de mimica
Jardin du Luxembourg

Rive Gauche

Rive Gauche

Barcelona Arco do Triunfo

Barcelona Arco do Triunfo

Museu de Zoologia e Historia Natural

Museu de Zoologia e Historia Natural

Jardin du Luxembourg

Jardin du Luxembourg
O despertar da primavera